quarta-feira, 28 de julho de 2010

"A barata"

Apareceu uma barata no meu quarto. Este quarto é pequeno demais para nós dois. Eu não convidei esta barata para morar na minha casa. Sei que o mundo não pode ser dominado somente por homens, mas na minha casa, quem mora sou só eu. Não quero um animal asqueroso desse andando pelo meu travesseiro enquanto durmo. Não convidei, nem fomos apresentados. Aquela barata de não-sei-quantas-patas já está me tirando do sério. Já disse que lugar de barata é na rua, e não no meu lençol de algodão.

To começando a ficar impaciente. Nem sei como chamá-la, exceto por: Barata. Coisinha feia e asquerosa essa viram?Sei que é criação de Deus, mas os germes também são, nem por isso são bem-vindos no meu lençol de algodão. Acho melhor tirar o travesseiro com cuidado para ela não se assustar. Ou será ele?Cuidadosamente eu levanto o travesseiro até a janela, empurro-a “Vai, baratinha, voa, desgraça”, mas nada. Essa barata já está me levando ao extremo. Vou até a lavanderia pegar o baygon,quem sabe agora ela sai. “Cof Cof!!!” Essa bicha só fez eu me intoxicar com o veneno, mas não saiu. Ah, cascuda desgraçada...

Já faz 1 hora que estou no corredor, esperando o cheiro do veneno sair pela janela. Será que a barata foi junto?Espero que sim. O veneno era pra ela, não pra mim. Ai que saco, não dá nem pra fumar um cigarrinho...

Duas horas... Vou entrando de mancinho. Quem sabe agora, por fim, essa barata me deixa dormir em paz no meu santo colchãozinho, que ainda nem terminei de pagar.Quatro e meia da madrugada, nem sinal da barata...Acho que agora houve uma trégua...Se ao menos esse baygon funcionasse, eu não estaria tanto tempo acordado.Amanhã ligo pra reclamar com a fábrica do produto, hoje preciso dormir,afinal, amanhã tenho que trabalhar e ser o capacho de alguém, e isso requer ficar sem olheiras.

Cinco e meia da madrugada. Já troquei as fronhas, me preparando para dormir definitivamente, em paz. Creio ser cedo demais para cantar vitória, mas mesmo assim irei em busca dos carneirinhos.Sinto pegadas de patas finas na cara....

“AAAAAAAAAAAAAAhhhhh não!!!Demorô!”Mas que f$#¨$&$&$da p#$¨%&!!!Eu já mandei essa barata pro quinto dos infernos, mas não adianta, ela não entende “humanês”.Chega!Basta!Hoje quem dorme no sofá sou eu!Agora vou trancar a porta do meu quarto e dormir em paz nesse sofá de dois lugares com molas soltas... Parabéns, Barata, a Senhora venceu. Fique com minha King size, eu fico com o meu merecido sono.Boa Noite, e até NUNCA.
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"A barata" de Flávia Pingarilho Rodrigues é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported.
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